Como os brasileiros, nos Estados Unidos, lidam com a falta das festas do Brasil

George Roberts, jornalista e apresentador

Ah! Esse Brasil lindo e trigueiro

É o meu Brasil brasileiro

Terra de samba e pandeiro

Brasil pra mim, pra mim, Brasil!

Brasil pra mim, pra mim, Brasil, Brasil!

Aquarela Brasileira, João Gilberto

A cada evento no Brasil, em qualquer época do ano, nosso coração de imigrante bate mais acelerado. Futebol, Reveillon, Carnaval, Festa de São João, de Parintins, até eleições, tudo é motivo – e desculpa – para festejar. 

Mas e os brazucas que moram fora, será que também celebram, que comemoram? Se sim, como o fazem e o que sentem?

A resposta é simples: acontece a mesma coisa, como se ainda vivêssemos no coração da nossa terrinha. 

A grande verdade é que nós, brasileiros, somos festeiros, independentemente de onde estejamos vivendo, pode ser no Chile, na Coréia ou no Alaska. É como se, ser brejeiro, fizesse parte do nosso DNA, sabe?

Quando decidi partir para os Estados Unidos e abraçá-lo como meu novo lar, mesmo com muitas saudades, sabia que para avançar e ter mais oportunidades no mercado de trabalho, precisaria me dedicar a aprender o máximo possível sobre a cultura, os costumes, as leis, a língua.

Foi quando me deparei com a expressão “Money Time” que está tão entranhada na cultura americana, quanto o nosso lado acolhedor e festeiro. Mas a sua tradução literal passa uma ideia superficial do que ela realmente significa.

Quando falamos na América que “Tempo é dinheiro”,  queremos dizer que o tempo é um recurso tão escasso que deve ser utilizado como se fosse (e é) o nosso bem mais valioso.

Este sentido de urgência, de ter que fazer “now”, nesse momento, sem deixar para depois, está incorporado ao “The American Way of Life”, que é a soma de valores culturais e comportamentais considerados como típicos da sociedade americana, como a liberdade e a responsabilidade individuais, o empreendedorismo, a competitividade, o respeito pela lei e um forte desejo de sucesso e realização pessoal. 

Parece que estou falando do paraíso na Terra, né? Mas, evidentemente, os Estados Unidos têm inúmeros problemas. 

O que quero dizer, e que não seja interpretado como egoísta ou presunçoso, é que para os americanos a vida passa tão rápido que todos buscam a realização profissional, gerar riqueza e ter independência, pois cada minuto é um minutos a menos, não existe ‘bis’. Tem que ser aproveitado agora.

Então, retomando a nossa pergunta: será que nós, brazucas, sentimos e comemoramos as festas que acontecem tão distantes da gente? Sim, do jeito que dá, do que jeito que podemos, mas aproveitamos, sim.  

Mesmo com toda a pressão cotidiana para absorver conhecimento e ter nosso lugarzinho ao sol ou sob a chuva, nós nunca deixamos de festejar como se ainda estivéssemos na nossa rua, com os nossos amigos, abraçando a nossa família.

Afinal, a gente saiu do nosso Brasil, mas ele jamais sairá da gente.

O jornalista e apresentador George Roberts fala um pouco de suas experiências e conquistas em mais de vinte anos na terra do Tio Sam.

Referências

* Entrevista no Podcast Ponte e Vírgula 

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